23 fevereiro 2011

vertical

a multidão
mutila
multidor
em movimentos
mudos
voz muda
cabelo muda
rosa transmuda agigantada à prateleira
do mercado
par de palmos sobreposta à humilde rosa do jardim
de terras pobres

solitária
a multidão
enobrece o trabalho
a multidão enobrece o trabalho
homens e mulheres
e crianças
e latino-americanos malabares
no farol
formigas abnegadas a comentar

da frente
fria
que desvia
a ideia presente

do político
da nuvem cinza
do sol doura
do temporal
do tempo
raw do temple or all
distrações frígidas: capítulo final avental comercial carnaval
alegorias
a multidão que são paulos
são marias
são anônimos celebridades personalidades
vácuas
hipotérmicas
furiosas e calorosas desferidas
em busca da vida
em meio à pulsação febril e deflorada da manhã torta
dez horas
dia quente
verão na capital
a cada um
em seu olhar
clama brilhante

o horror
discreto
e pálido
do hálito
de concreto
e amor

a cidade ascende
ao céu



18fevereiro11

2 comentários:

phant disse...

um poema nobre para um sentimento nobre

violeta disse...

eu às vezes nao sei o que dizer.
mas fico tanto querendo dizer alguma coisa....