a cena mais reaça da cidade

tenho saudades de quando os artistas eram reais e diziam o que pensavam. nossa cena musical é chata e insossa. todos se amam, tudo é lindo, as cantoras são todas BFF. respostas gêmeas e oh so lovely dispensam o pudor de mascarar, ao menos mal, o nascedouro em assessorias de imprensa. não se diz o que se realmente pensa. passos calculados, ultraplanejados

não há polêmica, não há espontaneidade. agradinhos e sorrisos amarelos. o tipo de conduta pasteurizada e laboratorial que só conquista indies. o povão (incluo-me) curte sangue, suor, lágrimas, gozo; é do que somos feitos

tenho saudades do que não vi: nara leão e elis regina se alfinetando. gênios de carne e osso. ou mesmo elis e gilberto gil se alfinetando e, anos depois, reconciliando-se. ser social x fazer social

fosse na pauliceia atual, onde existe, sim, amor (e à força), fariam juntos um tributo a um artista qualquer, que nunca ouviram, emitiriam notas aos jornalistas amigos ou dariam declarações ultrapensadas, conservadoras, formalmente pouco ou nada ousadas

falta a coragem para ser o que se é