10 maio 2010

entendo os que respiram o trabalho.
para ser honesto, até admiro a austeridade de homens e mulheres anônimos ou nem tanto a se dedicarem em disciplina e entrega, nas grandes cidades ou nos mais desertos esquecimentos de deus. o trabalho enobrece e dignifica, eis uma carapuça
compreendo e também com naturalidade o significado da compensação financeira com que patrões nos compram o tempo, o esforço. dois terços do dia e da vida. nada pode ser maior e mais importante que a liberdade, e nesta dimensão capitalista pós-moderna tecnológica e superpovoada, ser livre demanda dinheiro. o sustento é uma dádiva. só os que Dependem podem saber o quanto doem a corda, a maiúscula.
afinal, o argumento do futuro próspero de quem pontua a existência em profissão. os yuppies de hoje estarão agora e sempre bastante mais protegidos das incertezas, do inesperado, da velhice, do cansaço e dos anos a mais mal calculados a comer beber fumar e gastar. já lhes bato palmas.
o vejo no rapaz que atravessa a grande avenida dos grandes edifícios de ventanas espelhadas e retorna ao escritório às vinte horas para labutar tanto mais aguente o pensamento,
impávido. determinado. semi-olímpico. desfila em seu terno impecável a idéia fixa, o orgulho da família, o case de sucesso

e ainda assim, confesso, nobreza independência e providência me faltam tocar o coração
mover-me as montanhas
e a mim não soa crime pecado ou falta qualquer não viver para trabalhar.


com a simplicidade que há na demanda
sigo em frente
conto moedas horas pétalas dentes

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