27 agosto 2009

tenho pensado
no sono do assassino
a sua noite a sua dor os seus motivos
conheceria da vil condição algo mais que a ignorância escura?
a teimosia pagã dos que vivem crentes?
a força sem nome que nos move a acordar
em meio à guerra e ao fogo
e seguir
trôpegos, porém resolutos
como rios seguem cegos e cingem celestes sumos
na terra cansada
rumo ao mar das almas

eis a grande questão da vida
hoje

o tempo passa, eu sinto nas marcas
da pele do espírito e do pensamento
agora mesmo, e lhe digo
a maturidade é a real armadilha dos deuses.
questões que se prenunciam solúveis
e entretanto surpreendem-nos
cada vez mais
metafísicas
sem avisar

compassos arrastados e anis
violinos metais pianos nus
pela janela um choro de criança
com fome
o som do avião que corta as
nuvens
um sentimento azul
azul
sem nome
e o cheiro de almoço
e o preço dos cigarros
e a culpa
e a senhora
trazendo da feira um carrinho
e a cantiga

bossa boa
é bossa triste

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