02 agosto 2008

teatro de fantoches

(renascentistas)
(pós-moderno urbano caos)

eu odeio os insetos
como odiamos o que tememos
são menores do que eu
em maior número
e voam
não me soa um páreo justo

da janela escuto o canto de algum pássaro notívago
e artista e viciado e bipolar
desdobra as mágoas sorrateiro
despretensioso intuito privado
como quem chama, se esconde
como um vulto à meia-luz, conclama
pirotécnico
os semelhantes perenes
à revolução

(dependurado da maçaneta o mudo e roxo tsuru consente)

estranho e sempre estranharei
a forma fria como vivemos
em verticais paralelos
com dezenas de milhares de pessoas
igualmente
confusas ansiosas conflitantes
paranóicas
nos movemos como gado
competindo felicidades artificiais
silenciosos, indiferentes
rumo a um sonho dourado e distante
em horário nobre

penso a cada dia um pouco mais
que preocupassem-se as pessoas
em fazer crescer amor
com o mesmo ardor e fogo aos olhos com que o veneram
muito menos seriam os problemas humanos

e se eu pudesse parar à madrugada os minutos
ah, eu te daria muitas mais indecorosas
insolúveis esfinges trôpegas ultra-românticas
porém daqui cinco horas e quarenta
imperará onipresente e
intolerante
um alarme
um salário
uma vossa excelência
qualquer

Um comentário:

Anônimo disse...

não preciso tecer pensamentos demais: és doce doce doce doce doce e beira de forma poética a diabetes emocional da loucura. meu amor. minha vida.