26 novembro 2015

presto atenção no que sonho
pressinto o que sou
desatento
um mantra
meio hippie meio falsário
questionando a existência enquanto plana
pelo centro pelas ruas pela despedida sua
sempre à mão o samba a ponta o contra
temporal
feito mágica, do umbigo emerge
desde já culpado e obtuso
um universo

variam a cor e o tom do anseio
mas não falha
é desejo forte
sobreviveu a vinganças sangrentas
não fez tipo
e sob as nuvens turvas calmas
ora sobram dúvidas apátridas
outonais, insuspeitas
ganham corpo tal qual horas
como o hálito à memória lembrada
recorrentes sustos
que se esquece
na manha da manhã

duas gardênias pra você
com elas quero dizer:

03 outubro 2015


honolulu

vou gastar meu verbo
nadar de braçadas
ganhar o oceano
esfolar os sapatos
e a sola dos pés
no caminho que leva a você

surrar o destino
esmagar todo o carma
pôr fogo no abismo
que já não separa
ideias de corpos
por ti perder o que restou de são

não paro enquanto não me olhar
perigo
desdurmo a harmonia solar
persigo
desayuno el deseo de tu piel
pero no silencio
siempre hay un roto para un descosido
me dijo
la profa
la profa
la profa

buscar um recife encrustado na costa
tal qual um convite que recuso e gozo
pois há que enlouquecer de vez
lambuzar meu rosto barbado no doce
de lua, de leite
na rua ao deleite
dos seres humanos comuns
dos seres humanos comuns